A mesa está posta,taças,talheres,pratos.Cada um escolhe o que quer.E para cada paladar um sabor que melhor agrada,nada é imposto,empurrado goela a baixo.
A fome é egoísta e urgente,cada um sabe o que lhe revira o estômago,o que lhe causa náuseas.E essa fome apressada não cessa assim tão fácil ,é algo que falta constantemente,que causa uma busca incessante de algo que não sacia.
Tudo está ali a mão,mas ainda assim tem gente com as mão estendidas implorando por migalhas.
E assim de pouco em pouco,vão se tapeando os estômagos e as mentes.Alimentando o vazio com as ilusórias e insossas sopas de letrinhas,de coisinhas mínimas e sem sentido.Porquê é assim a dieta que emagrece a alma,que seca os sentimentos,que define a escassez de emoções.E assim vão ficando os corpos indigestos, nauseabundos e insaciáveis em busca de sentido.Eternamente desnutridos, porquê muitas vezes o que alimenta de verdade,não tem sabor ou cheiro.Mas tem significado intangível e sentido inexplicável.
Quando a vida não apetece,fica tudo sem gosto.E nem o mais refinado dos banquetes é capaz de satisfazer,porquê fome todo mundo tem,mas se alimentar de verdade são poucos que sabem.Até quando devemos nos contentar apenas com as migalhas?
Telma Lemos