Assim que o vento sopra, murmurando baixo seus segredos, deixo
no chão os rastros do que um dia eu já se foi. Por onde os sorrisos nascem e morreram,
nas frações que o tempo apagou.
Pés descalços e a alma despida, se despedindo nas sombras caídas
nas quinas da madrugada.
É tempo de despertar, de juntar os cacos, de olhar para o
sol até cegar esses olhos que sempre se enganam Cegos de amor, encharcados de
saudade, fixos no passado, brilhando aquele brilho que ficou lá atrás.
Sentir, assim como se o ar fosse aquele abraço invadindo o
corpo, alimentando a alma fazendo o sangue arder de vida, correndo nas veias
seu andar desenfreado, descompassado de coração apressado que bate na porta que
nunca se abre.
E nem nos sorrisos e bocas invadidas de beijos e ouvidos
envaidecidos pelas palavras doces ou amargas, fica na boca os sabores e os
amores. E nos ouvidos as palavras ecoando suas mentiras e suas meias verdades, batendo
na cabeça como um sino que avisa que já é hora de entender que amar não é assim
tão fácil, nem tão difícil.
Amar é a delícia de se martirizar sem perceber, é gostar de
sofrer, e ter o prazer de não entender, e mesmo assim agradecer. É não saber o
que dizer, é se fazer compreender sem ao menos perceber, que esse é o primeiro
passo para se perder, e enfim começar a viver.
Que os corações batam e que as portas se abram!
Telma Lemos
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